Muito tem se falado sobre o impacto do software livre e de sistemas de código aberto. Nos últimos anos presenciamos "batalhas" emocionais entre os que defendem esses princípios e os que a combatem.
Deixando de lado as emoções, podemos constatar que os dois lados têm razão. Mas como assim? Simples, os dois lados falam sobre o mesmo assunto, mas com ângulos diferentes. Enquanto os defensores do modelo de SL/CA (software livre/código aberto, apenas para usar o neologismo do último estudo do Softex sobre assunto) defendem seu modelo com o viés social os seus detratores buscam explicações comerciais para suas justificativas.
A conclusão é, também, simples: não há como ganhar dinheiro com software livre apenas vendendo software. E não há quem consiga provar o contrário, visto que o modelo baseia-se na distribuição gratuita em cadeia. Simplesmente não dá. E aqui os detratores do modelo têm razão.
Mas o que esses mesmos detratores se esquecem é que o modelo de software de caixinha está cada vez mais fadado a desaparecer. O modelo "one size fits all" começa a desaparecer (com a breve exceção Microsoft).
As empresa de código fechado temem o que realmente está por trás do movimento SL/CA: a quebra do "establishment", do "status quo", da "panela", que existe hoje entre as empresas de código fechado.
E é exatamente aí que o modelo SL/CA irá fazer a diferença. Não do ponto de vista técnico (aliás a grande maioria dos SL/CA tem menos poderio que seus equivalentes de código fechado, vide Photoshop vs. Gimp, ou MySQL vs. Oracle), mas sim do ponto de vista mercadológico.
O que começou com o compartilhamento de código para a confecção de device drivers, já está entrando na seara de aplicações de negócio, ou seja, começamos a ver empresas e indivíduos criarem aplicações sofisticadas para CRM, ERP, gestão estratégica, entre outras.
Diferente de aplicações de infra-estrutura, como banco de dados e sistemas operacionais, esses tipos de aplicações necessitam de uma enorme quantidade de serviços de consultoria para sua implementação, além, é claro, do próprio software na forma de licenças de uso.
As empresas que o produzem optaram por terceirizar esses serviços de implementação, ficando para si apenas com a receita das licenças. E os clientes pagam pelos dois (software e implementação).
No caso do modelo SL/CA, os clientes não pagam necessariamente pela licença (portanto quebram o status quo dessas empresas) e os custos de implementação têm se mostrado muito menores. Portanto a diferença entre implantar um sistema fechado e um SL/CA, nesses cenários, não está no esforço técnico, mas sim no financeiro.
É por isso que as empresas se código fechado se anteciparam para tentar provar que SL/CA tem custos escondidos e no fim do dia são mais caros. Mas isso ainda temos que ver.
Mas uma coisa é certa, o remédio "faz-mais-e-custa-menos" não tem contra-indicações e todo mundo gosta, pois o sabor é delicioso.
E nos dias de hoje o princípio ativo desse remédio é o código aberto.